quarta-feira, 7 de outubro de 2009


"Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e que mil anos, como um dia" (II Pedro 3.8).

A discussão sobre o fato de Deus estar ou não sujeito ao tempo tem causado grande alvoroço nos arraiais evangélicos ultimamente. Alguns "doutores" formados em academias humanistas, que imaginam-se teólogos, têm trazido à baila um assunto por demais definido no "canon" protestante-teológico-ortodoxo há séculos.

A Bíblia mostra claramente que Deus é Eterno e que Ele criou o tempo para os filhos dos homens (Gn.1.14 e Ec.3.1-10). Eternidade no exato sentido da palavra cabe somente à Divindade. Conceitos de eternidade do homem são imperfeitos e incompletos. Podemos dizer que Deus "colocou a eternidade no coração do homem" (Ec. 3.11), mas nenhuma criatura pode receber e perceber a eternidade como Deus.

Há no grego três expressões que nos ajudam a compreender melhor o significado de nosso vocábulo tempo:

Aionios - Tempo que não pode ser medido (Sl. 90.2; Sl.41.13) .
Kronos - Tempo que pode ser medido (Gn. 1.14; Ec. 3.1-11).
Kairós - Tempo de oportunidade (Mc.1.15; Gl.4.4).

Penso que foi Paul Thillic quem primeiro apresentou kairós como tempo de crise e tempo de decisão. Kairós seria a intervenção de Aionios em Kronos. É quando Deus abre uma porta em época de crise para intervir na história em favor de seu plano salvífico e por seu povo. É tempo de decisão!

Deus é eterno e, portanto, atemporal. Ele é o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, inclusive do tempo. Todavia, Ele não está sujeito ao tempo e não sofre influência dele, nem vive dentro de uma expectativa humana. Para vergonha dos defensores do teísmo aberto, Deus conhece o futuro, sabe o fim das coisas e da história desde o começo e não há nada no passado, presente e futuro que Ele não saiba.

A Igreja pode ilustrar nossa percepção desse argumento. Em algum tempo na eternidade, Deus planejou criar a Igreja. Prometeu sua criação nos profetas e a ilustrou na congregação do deserto. Quando o Verbo encarnou tornou possível sua existência e anunciou sua criação: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Fundou-a na Cruz e o Espírito Santo a inaugurou historicamente no dia de Pentecostes em Jerusalém, em kronos, igreja militante. O Espírito deu subsídios para sua manutenção enquanto Corpo de Cristo.

Poderíamos falar do Imperador Adriano, Voltaire, Jonh Lenon e muitos outros que tentaram impedir a marcha da igreja ou duvidaram de sua capacidade de resistência histórica (para não usar kronos outra vez). Todos eles passaram, a igreja não e ao contrário das predições, está mais forte.

Quando Deus planejou a Igreja na eternidade (Ap.13.8) Ele já sabia de sua trajetória e triunfo: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt.16.18). Sobreviveu às perseguições do império romano, ao papismo, à noite de São Bartolomeu, ao stalinismo, à política de Mao Tse Tung, ao comunismo soviético e ao castrismo; resisitiu ao gnosticismo, ao ebionismo, ao arianismo, ao pelagianismo, entre outros e hoje resiste frente à mais recente heresia dos tempos modernos: a abertura do teísmo.

Breve os céus se abrirão e novo kairós se dará. Tempos de crise se anunciam e o aionios invadirá o kronos para levar a igreja invisível, resistente, militante, para a eternidade, o tempo de de Deus: Igreja Triunfante.

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